segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Oi gente

Já entramos em 2016 e hoje vou falar um pouco de algo que atormenta a mim e a um número cada vez maior de seres humanos, e talvez até de aliens se duvidar: a depressão. Yes, the fucking depression.

Primeiro, amigos, esse é um tema bem delicado e é preciso deixar de lado alguns estereótipos culturais e a concepção de que o sofrimento está visivelmente estampado na cara de alguém. Na visão do senso comum, um depressivo nunca sai do seu quarto e aparenta estar sempre triste e desleixado, mas é importante entender que nem todos têm o mesmo comportamento. Uma aparente boa saúde mental pode ser falsa. Uma máscara de "felicidade" pode ser um mecanismo involuntário ou não de auto proteção e não é porque alguém consiga usá-la que irá sofrer menos. Assim como não significa que as pessoas incapazes de demonstrar tal proteção sejam mais fraca do que as demais.

Segundo, depressão é uma doença, causada por um estigma, embora muitos não possam compreender e tenham uma ideia equivocada de que é só tristeza pura e simplesmente. Muitas vezes um depressivo não sente nada, ou no máximo vive as emoções de um modo limitado e por um tempo ínfimo. É extremamente exaustivo não ter auto confiança e culpar sempre a si mesmo por tudo, isso leva à uma falta de energia que afeta sua vida profissional e qualquer tipo de relacionamento pessoal. Chega a um ponto que é difícil corresponder até mesmo adequadamente a gestos ou palavras de afeto, porque o cérebro não consegue processar, nem manifestar qualquer reação. Você se cansa e se irrita facilmente e é muito desconfortável quando te perguntam o motivo. Insuficiência, frustração, desgaste, tristeza. Sim é tudo um pouco, mas isso é só a ponta do iceberg.


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Na minha cabeça a depressão é oca, vazia, cansativa e insuportável. Como se o inferno estivesse ali, representando o último estágio da dor humana. É praticamente impossível ficar perto de um depressivo, por mais que tentem e achem que devam. Não é qualquer um que aguenta ficar perto de alguém que está sem vida a maior parte do tempo, e não é culpa deles inclusive.

Geralmente acordar é a pior parte, a realidade sempre parece pior do que qualquer pesadelo que se tenha dormindo. No meu caso especificamente, busco dormir o máximo que eu posso e quando tenho insônia, fico exausto e a minha paciência e humor são anulados para o resto do dia. Sofro por antecipação por tudo, pensamentos horríveis passam pela minha cabeça, mesmo sem eu querer. Até penso em fazer as coisas, mas às vezes é como se todas as minhas forças vitais estivessem paralisadas. Fico num estado sombrio, sem vontade nenhuma. Parece que está tudo errado quando algo está dando certo ou quando estou feliz.







A pior parte da depressão é: ela se torna confortável. Quase viciante. E sair dessa zona de conforto é um desafio que exige você buscar uma força interior que nem mesmo você acredita que possua. Tentar sempre ser mais forte do que a tristeza, a indolência e a vontade de viver deitado. A vida não pode ser um eterno tormento. Nosso cérebro pode limitar a nossa perspectiva se permitirmos e isso é o que impede de enxergar vida, e toda a beleza que a natureza nos permite desfrutar. É importante buscar todas as ferramentas possíveis para manter o seu cérebro ativo, por mais que cada passo pra fora da zona de conforto pese uma tonelada. Fazer exercícios pode ajudar, se force. Viaje, quando puder. Converse com alguém de confiança, se precisar se abrir. Busque coisas diferentes pra sair do estado de torpor. E se nada ajudar, abra mão do orgulho e procure ajuda profissional, a vida deve ser priorizada. A ideia de morrer é confortante e já me passou pela cabeça várias vezes, mas a morte vai acontecer independentemente de qualquer vontade e me pergunto no último momento se preciso mesmo apressá-la, por mais desconsertado que eu esteja.

Por último, um conselho de alguém que já leu a respeito e viveu o suficiente pra entender uma coisa ou outra da vida: Se você lida com alguém da família ou amigo que tenha depressão, lembre-se que ela não tem cura. Não se engane nem tire conclusões precipitadas de que alguém que você conhece está plenamente recuperado com as mudanças de atitudes. Elas são excelentes e podem tirar do fundo do buraco, mas não force ninguém a retomar à rotina normal de uma forma repentina. Deixe começar a fazer as coisas no seu tempo, o que estiver sendo capaz de fazer. Qualquer apressamento pode sobrecarregar e fazer retroceder. Ofereça sempre apoio ao seu amiguinho, mas deixe que ele mesmo tome as decisões necessárias.




Cuidem-se



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